quarta-feira, 23 de maio de 2007

Mundo perde 3 espécies por hora, diz ONU no Dia da Diversidade

Por Alister Doyle

OSLO (Reuters) - As atividades humanas estão varrendo do planeta três espécies animais ou vegetais por hora, e o mundo precisa tomar providências para atenuar até 2010 a pior onda de extinções desde a dos dinossauros, disse a Organização das Nações Unidas (ONU) na terça-feira.

Cientistas e ambientalistas divulgaram levantamentos sobre ameaças a animais e plantas, como a baleia franca, o lince-ibérico, batatas e amendoins selvagens, no Dia Internacional da Diversidade Biológica, 22 de maio.

"A biodiversidade está se perdendo num ritmo inédito", disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, numa nota oficial. O aquecimento global está agravando as ameaças já existentes, como o desmatamento, a poluição e o aumento populacional humano.

"A resposta global a esses desafios precisa acontecer muito mais rápido, e com muito mais determinação em todos os níveis -- global, nacional e local", disse ele.

Muitos especialistas acham que o mundo não conseguirá cumprir a meta estabelecida pelos líderes mundiais na cúpula de 2002, a de uma "redução significativa" até 2010 do ritmo das extinções.

"Estamos realmente passando pela maior onda de extinções desde o desaparecimento dos dinossauros", disse Ahmed Djoghlaf, chefe da Convenção da ONU para a Diversidade Biológica.

"As taxas de extinção estão crescendo a um fator de até mil vezes as taxas naturais. A cada hora, três espécies desaparecem. A cada dia, 150 espécies somem. A cada ano, entre 18 mil e 55 mil espécies extinguem-se", disse ele. "A causa: as atividades humanas."

Uma lista compilada pela União pela Conservação do Mundo, que agrupa 83 governos, além de cientistas e organizações ambientalistas, possui apenas 784 espécies extintas desde 1500 -- dos dodós das ilhas Maurício ao sapo dourado da Costa Rica.

Craig Hilton-Taylor, que gerencia a lista, disse que os números, apesar de discrepantes, podem estar ambos corretos. "Os números da ONU baseiam-se na perda de habitats, na estimativa de quantas espécies viviam lá e que portanto se perderam", disse ele à Reuters. "A nossa é mais empírica. São espécies que sabíamos estar lá mas que não conseguimos mais encontrar."

Um outro levantamento feito por um grupo de pesquisadores agrícolas disse que o aquecimento global pode levar à extinção plantas selvagens como batatas e amendoins até meados do século.

(Reportagem de Matthew Tostevin em Londres e Richard Waddington em Genebra)

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